domingo, 13 de março de 2016

"Maraponga" - Ricardo Bezerra


Pesquisando sobre esta verdadeira obra-prima, o LP “Maraponga”, do Ricardo Bezerra, encontrei o texto a seguir, bem sintético, que diz mais do que eu poderia dizer, e resolvi transcrevê-lo quase ipsi literis. Os adjetivos são inevitáveis, transcritos do blog “Em-Cruz-Ilhada”, dos irmãos Rogério Saraiva e Serge Rehem.

O disco em questão é “Maraponga” do cearense Ricardo Bezerra, cantor, compositor e músico, parceiro de Fagner desde o seu inicio de carreira, e que gravou este excelente disco em 1978. Com uma banda invejável, participações de Fagner e Amelinha nos vocais, esse disco ainda contou com os arranjos do mago Hermeto Pascoal. Nos instrumentos nomes como Mauro Senise (flauta), Nivaldo Ornelas (Sax e flauta), Robertinho de Recife (Guitarras), Sivuca (Acordeão) se destacam. Ouvir um disco sem ter isso em mente é bem bacana, pois depois que se descobre quem esta por trás, ai se pensa: Só podia ser, com esses monstros todos não daria outra. 

O disco possui uma qualidade irresistível, a música de abertura e que também o batiza – Maraponga – serve de fio condutor por todo o LP, que ora possui músicas cantadas e ora belas peças instrumentais. Nesta canção merece destaque o uso do canto como um instrumento, algo que se repete ao longo do disco. Sem proferir palavra, Amelinha seduz junto com o excelente acompanhamento de piano, violinos e o cello do Jacques Morelembaum. “Maraponga” abre caminho para a música seguinte, a composição “Cobra” (Alano Freitas e Estelio Vale). “Lateja em tuas veias um sangue de cobra e tuas pernas bambas dão coice tal cabra e de ruim que eu possa você só me cobra, mas vou tirar-te veneno de cobra”, canta a bem postada e competente voz do Ricardo acompanhada da guitarra de pegada rock'n roll do mestre Robertinho de Recife nos contrapontos e solo. A terceira música é a belíssima “La Condessa”, de lavra do próprio Ricardo e cantada pela voz doce de Amelinha, com firme poesia. As três faixas seguintes demonstram, talvez, a grande virtude e diferença deste álbum. São três peças instrumentais de uma qualidade hoje pouco vista na nossa música. Uma verdadeira aula. A quarta canção é “Celebração” (Ricardo Bezerra) onde as flautas de Cacau, Zé Carlos e Mauro Senise praticam uma verdadeira conversação com o Cello do Morelembaum, criando harmonias maravilhosas ao mesmo tempo em que seguem uma estranha melodia, quase como uma cantiga de ninar. A música segue crescendo até o seu final; uma joia. Em “Sete Cidades” (Ricardo Bezerra), a guitarra de Robertinho desfila, elegante e incisiva entre o belo trabalho dos pianos do autor do disco e as vozes do coro que cantam a melodia da música. “Gitana” prossegue na linha instrumental, uma composição que abre espaço para a brilhante participação do pouco conhecido Nivaldo Ornelas, saxofonista de mão cheia. É a vez de Fagner entoar a melodia rasgando sua voz característica. As duas canções seguintes remetem-nos ao sentimento presente durante todo o disco: A amizade. “Cavalo de Ferro” e “Manera Fru-fru” são duas composições do Ricardo que foram gravadas pelo Fagner no seu inicio de carreira, e os dois as cantam muito bem juntos. E o disco encerra com uma música louca, “Improviso”, onde os dois cantores realmente improvisam suas vozes com aquela pegada típica dos repentistas. 
Talvez tenhamos este presente em nossas mãos graças à influência que Raimundo Fagner tinha como produtor da gravadora CBS, época em que ele deu chance a muitos nomes de peso da música cearense e brasileira, talvez retribuindo o favor a Elis Regina e Nara Leão. Mas o importante é celebramos a qualidade do LP e agradecermos pela chance de ter acesso à boa música.

Ficha Técnica:


1978 Epic (144232)


01 - Maraponga (Ricardo Bezerra)
02 - Cobra (Alano Freitas - estelio Valle)
03 - La Condessa (Soares Brandão - Ricardo Bezerra)
04 - Celebração (Ricardo Bezerra)
05 - Sete cidades (Ricardo Bezerra)
06 - Gitana (Ricardo Bezerra)
07 - Cavalo ferro (Ricardo Bezerra - Fagner)
08 - Manera Fru-fru manera (Ricardo Bezerra - Fagner)
09 - Improviso (Ricardo Bezerra)

Arranjos Hermeto Pascoal
Direção Musical Ricardo Bezerra, Raimundo Fagner & Hermeto Pascoal.

Hermeto Pascoal - piano (1,2,3,4,7), arpchords (1,2,4), órgão (4), garrafa (7)
Ricardo Bezerra- vocal (1,2,3,6,7,8,9), piano (5,6)
Nivaldo Ornellas - flauta (1,3,4,8), sax soprano (6)
Mauro Senise - flauta (1,3,4,8), flautim (6)
Cacau (Claudio Araujo) - flauta (1,3,4,8)
Zé Carlos - flauta (1,3,4,8)
Jacques Morelembaum - violoncelo (1,4,8)
Itiberê Zwarg - baixo (1,2,3,4,5,6,7,8)
Sergio Boré - percussão (1,5,8), bateria (7)
Sivuca - acordeon (2,5,8), vocal (5)
Robertinho do Recife - guitarra (2,5), viola (8,9)
Luiz Paulo Peninha - bateria (2,3,5,6)
Marcio Malard - violino (3)
Bernardo Bessler - violino (3)
Aleuda - percussão (8)
Amelinha - vocal (1,3,6)
Fagner - vocal (2,6,7,8), violão (6)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Luiz Carlos Porto - 1983



Luiz Carlos Porto partiu de Fortaleza para o Rio de Janeiro em setembro de 1972, para participar do VII Festival Internacional da Canção, onde Raymundo Fagner teve destaque com a canção “4 Graus” e o cantor Raul Seixas lançou a sua bem sucedida carreira musical.
O roqueiro cearense defendeu a canção “O Pente”, sua parceria com Fernando Vale (Fernando Gordo), na segunda rodada da eliminatória.
Apesar de não seguir adiante no festival, em 1974, Luiz Carlos Porto volta à Cidade Maravilhosa, desta vez com o intuito de formar uma banda. Lá ele encontra Gabriel O’Meara, guitarrista, Carlos Scart, baixista, Constant Papineanu, tecladista, e Geraldo D’Arbilly, baterista. Assim a banda O PESO estava formada. Eles, então, começaram a fazer shows, mas como banda de apoio do cantor paraibano Zé Ramalho.
Mais tarde a banda O Peso partiu para carreira solo, chegando a gravar o disco “Em Busca do tempo perdido”, um clássico do rock nacional; um LP muito disputado entre os colecionadores.
A banda O Peso também foi destaque com sua participação no Festival Hollywood Rock, em 11 de janeiro de 1975, um show organizado por Nelson Motta com a colaboração de Erasmo Carlos. A performance da banda foi filmada e entrou na edição final do filme “Ritmo Alucinante”, que traz os destaques do evento realizado no campo do Botafogo. (Confira o link abaixo)
O único disco solo de Luiz Carlos Porto foi gravado em 1983, depois de um período de reclusão do cantor, com a produção do veterano Marcelo Sessekind, guitarrista da banda Herva Doce e do cantor Lulu Santos. O LP foi lançado pelo selo Polygram e não chegou a emplacar, tornando-se apenas um item de coleção.
Mais tarde, um CD independente com uma dobradinha dos discos foi lançado, porém pouco divulgado e vendido apenas em redutos reservados a roqueiros e colecionadores. Este lançamento motivou a volta da banda, que chegou a fazer alguns concertos pelo Rio de Janeiro, mas sem o esperado sucesso.
O último show do roqueiro cearense Luiz Carlos Porto de que se tem notícia foi no ano de 2001, no extinto The Wall Bar Cultural, em Fortaleza, produzido pelo amigo, roqueiro e fã Laerte Duarte. O cantor, meio debilitado, tinha que se ausentar diversas vezes do palco para ir ao camarim para se recompor, mas valeu a pena ver o velho roqueiro de volta à ativa, com grandes sucessos do O Peso e clássicos do rock’n roll.

Confira a ficha técnica do CD:

Luiz Carlos Porto (1983)
PolyGram


Faixas:
01 - Você me olhou (não há porque chorar)
02 - Se não fosse essa canção
03 - Estrelas no céu
04 - Amanheceu, o dia vai brilhar
05 - Vejo o dia amanhecer
06 - Pra bem longe
07 - Acordei sonhado
08 - Não acredito mais em ninguém
09 - Eu só quero amar (Um pouco mais)
10 - Não sei chorar

(Todas as canções foram compostas por Luiz Carlos Porto)

Músicos:
Peninha - Bateria
Roberto Darbill - Baixo
Marcelo Sussekind - Guitarra
Julinho - Piano/ Teclados
Marinho – Saxofone
Arranjos – Marcelo Sussekind e Luiz Carlos Porto
Foto – Alexandre Salgado

Gravado e Mixado nos Estúdios Reunidos – São Paulo – Outono de 1983

Backing Vocals
Regina, Rosana, Gracinha, Guarnieri, João Carlos e André Melito


ASSISTA "RITMO ALUCINANTE" AQUI

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

AMOROCRATAS


Nossa primeira postagem é sobre uma das bandas de rock mais influentes da década de 1980 em Fortaleza. Rock and Roll puro, tanto nos elementos musicais, quanto no comportamento, sempre com letras arrojadas e ousadas, que nos faziam pensar, e acordes eletrizantes.
A banda Amorocratas levou o seu show Rockonvite aos principais bares da cidade, com destaque para o bar Duques & Barões, que fez história na noite cearense das décadas de 1980 e 1990.
Em suas várias fases, a banda contou com grandes músicos da cena cearense. Chegou a ter Cristiano Pinho na guitarra solo, Edmundo Júnior no baixo, enquanto Luis Antônio Alencar fazia as guitarras base e contra-solo, deixando a bateria para o veterano Elder. Mais tarde, contou também com Gersinho Amorelli na guitarra. Nesta fase, apresentaram-se em recantos tradicionais de Fortaleza, como o bar London, London, o anfiteatro da Volta da Jurema e o festival de rock do BNB Clube.
Em 1991 entraram no único estúdio profissional da cidade, o consagrado Pró-Áudio, para registrar suas principais canções num disco de vinil, que hoje é disputado por colecionadores de todo o Brasil. O LP Paranormal, que traz no título umas das principais canções do disco, traz oito músicas que passeiam do rock'n roll à balada e até ao blues. 
Para a gravação do disco , a banda foi formada por Mano Chayb nos vocais, Luis Antônio Alencar no baixo e nos vocais, Aldemir Rocha, o Mimi, na guitarra solo e nos arranjos e Jorge Rabay na bateria.
Segundo Mimi Rocha, em entrevista a este blog, a banda chegou a começar a gravação de um CD, deixando quatro faixas inacabadas, mas, devido a outros compromissos profissionais mais urgentes, acabaram abandonando o projeto.

Vamos à ficha técnica:
1 - Amor Infinito (Mano Chayb e Luis Antônio)
2 - Paranormal (Mano Chayb e Luis Antônio)
3 - Fissura de Amor (Luis Antônio e Wady Chayb)
4 - Rockonvite (Mano Chayb e Luis Antônio)
5 - Bomba de Amor (Mano Chayb e Luis Antônio)
6 - Intrigas (Mano Chayb e Luis Antônio)
7 - Bebum Blus (Mano Chayb e Luis Antônio)
8 - Aventura Suburbana (Mano Chayb e Luis Antônio)


Engenheiros de som - Ronaldo Pessôa e Marcílio Mendonça
Mixagem - Marcílio Mendonça
Produção - Amorocratas
Arranjos - Mimi Rocha e Amorocratas
Lay-Out e Arte Final - Nilton Jair
Fotos - Paulo Senna e Ricardo Damito
Gravado no Estúdio Pró-Áudio - Fortaleza, Ceará
Prensagem - SONY Music (Rio de Janeiro)
AGRADECIMENTOS-
Sarmento Menezes, Ana Maria Vale, José Newton Freitas, Simone Freitas, Fernando Gabriel Damasi, Luis Miguel Caldas, Kildare Rios, Ester Barbosa Riomar.

Curiosidades-
O LP traz menção aos patrocinadores SBA Propaganda e REPÚBLICA DO JEANS.

OUÇA O DISCO AQUI:

https://www.youtube.com/watch?v=ydR8Ig3NoSc